Uma ferida colonial: Aqui, se narra uma história sem princesas e sem cavalos.

Aline de Oliveira Rosa

Resumo


Sabemos que a língua e suas narrativas produzem moldes, assujeitamentos, ideais regulatórios, que normatizam corpxs e produzem histórias, sem que jamais coincidam os que narram (os sujeitos) com os que são narrados (os sujeitados). O que aconteceria se nossxs corpxs falassem, se nossas bocas amordaçadas gritassem o silêncio de todos esses séculos? Não há nada mais urgente do que criarmos um novo vocabulário, fugindo das restrições gramaticas que pesam sobre questões de gênero e de raça, entendendo essas categorias imbricadas, desmantelando as práticas discursivas coloniais e exercendo a afirmação da subjetividade dos corpxs “amerifricanos” na história, nos tornando sujeitos falantes. Levando em conta a intersecção entre racismo e sexismo, ou entre raça e gênero, propõnho uma análise da maneira pela qual a estética da branquitude relegou a mulher negra, citando bell hooks, à condição de “objeto sexual disponível” e o que torna relevante, nos dias atuais, é o urgente chamamento – e o faço a partir da mobilização de Lélia Gonzalez, Grada Kilomba, Chimamanda Adichie, bell hooks, entre outras – às vozes historicamente silenciadas para que, numa reapropriação da linguagem, descolonizem o próprio discurso. Mais do que o testemunho de seu tempo, há no texto um projeto, alinhado ao projeto das intelectuais acima mencionadas, de “escrita situada” ou “escrita encarnada”, cujo exercício carrega severa crítica às formas discursivas coloniais que se acreditam universais. Assim, me pergunto, para que escrevo Minha resposta, ainda que carregue uma escrita que é ensaiada, na medida em que as palavras e as letras vão se incorporando e dando corpo as texto, num processo oral e escrita: escrevo porque tenho urgência.


Palavras-chave


gênero; raça; decolonialidade; feminismo; linguagem

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DOI: https://doi.org/10.53357/KNLH2494

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